Simples adaptações no carro que rendem multas e você nem imagina

Ponto de reboque, conversão para GNV e suporte de teto para as malas, são algumas modificações que podem custar caro e a maioria dos donos nem imagina.
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31.10.2022 às 17:45
Ponto de reboque, conversão para GNV e suporte de teto para as malas, são algumas modificações que podem custar caro e a maioria dos donos nem imagina.

Depois da nossa última coluna sobre o gasogênio, e toda a necessidade de adaptação e complexa operação para seu correto funcionamento, me peguei refletindo sobre outras adaptações ainda usuais nos dias de hoje, tendo elas o objetivo de driblar o custo dos combustíveis, dar versatilidade a carros de propostas diferentes das originais, ou simplesmente para atender uma necessidade pontual.

No topo do meu ranking de estranheza vem aquela que é, talvez, a modificação mais disseminada entre os veículos e, na minha opinião, a mais sem fundamento, principalmente quando instalada somente para fins estéticos e nunca usada. Estou falando do infame e amado ponto de reboque. 

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Ponto de reboque para carros que nem rebocam

Ponto de reboque, conversão para GNV e suporte de teto para as malas, são algumas modificações que podem custar caro e a maioria dos donos nem imagina.

Figura 1 - O engate para reboque precisa ser corretamente instalado

Explico: é comum pessoas que têm ponto de reboque instalado no carro, mas não rebocam nenhuma carretinha, trailer ou similar. Nem nunca rebocaram, nem nunca vão rebocar. Apenas desfilam pelas ruas com a ferramenta cromada e brilhante de destruição em massa de para-choques alheios, muitas vezes instalada sem quaisquer preocupações com a segurança, e adquirida com o único e falho objetivo de proteger a parte traseira do carro.

Faz algum sentido? Para mim não! Para complementar a conversa, lembro que um engate mal instalado pode gerar danos estruturais irreversíveis ao seu carro numa colisão. 

E, caso você resolva rebocar alguma carga, o engate pode falhar, levando sua carretinha a dar uma de Forrest Gump, saindo correndo sem rumo pelo mundo. Por último, vale ressaltar que nem todo carro pode ter o ponto de reboque. A instalação do ponto de reboque em veículos com essa limitação pode acarretar em infrações de trânsito e a notificação para a retirada do acessório.

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O famoso GNV

Ponto de reboque, conversão para GNV e suporte de teto para as malas, são algumas modificações que podem custar caro e a maioria dos donos nem imagina.

A segunda adaptação mais comum se assemelha muito com o gasogênio, pois se trata de um combustível e também substitui a alimentação do motor. Obviamente, e para nossa alegria, sem toda a parafernália e todo o manual de operações complexo do avô, o GNV (Gás Natural Veicular), homologado pelo Inmetro oficialmente em 1996, faz sucesso até os dias atuais e tem evoluído a ponto de até as montadoras terem abraçado a ideia, oferecendo modelos originais com a solução pronta. 

Nem sempre foi assim, lembramos que à época do lançamento os kits de conversão em grande maioria eram importados da Argentina, e com a dificuldade de adaptação e variedade de motores, a criatividade dos nossos mecânicos correu solta. 

Figura 2 - A instalação do kit para conversão de GNV demanda várias alterações no veículo

Transformar um carro de combustível líquido para gasoso era relativamente fácil. Sem muita tecnologia na década de 1990, as conversões se limitavam a um venturi na entrada do carburador, com objetivo de pulverizar o GNV, que tinha sua pressão reduzida por uma válvula redutora. 

Leia também: Como os opcionais podem decretar o sucesso ou o fracasso de um carro

Adiciona-se um cilindro de, normalmente, 16 m³ na mala e meia dúzia de eletroválvulas para interromper o fluxo com o carro ligado, algumas outras seguranças, e em linhas gerais a coisa tá feita. O sistema tinha uma perda enorme de potência e torque, mas compensava com uma economia de custo de abastecimento e, em alguns locais, reduções de IPVA.

As adaptações necessárias logo tiveram que ser revistas, uma vez que, imagine, a tubulação de gás precisa fluir da mala do seu carro até o cofre do motor, e para isso são necessários furos no assoalho do veículo para a passagem dos tubos e para a fixação do cilindro. Tudo isso sem estragar o tratamento da chapa do fundo do seu carro, nem deixar infiltrar água e nem gerar ruídos. 

Outro ponto de atenção é todo o peso extra necessário, assim, além das modificações na injeção para que ela aceitasse a presença do “corpo estranho” bombeando gás e impedindo o combustível líquido, são necessários reforços nas molas e amortecedores.

Leia também: Como os anos 1990 transformaram os carros brasileiros para sempre


O inofensivo rack de teto

Ponto de reboque, conversão para GNV e suporte de teto para as malas, são algumas modificações que podem custar caro e a maioria dos donos nem imagina.

O terceiro e último acessório que quero trazer neste texto é muito presente em veículos de trabalho, onde, mais uma vez, precisamos desviar um pouco o fundamento do nosso meio de transporte para nos atender. O famoso rack de teto divide opiniões, mas é bastante visto em frotas de telefonia e internet (Fiat Uno que o diga), normalmente com uma ou várias escadas penduradas nele. 

Também temos algumas utilizações curiosas como a colocação de caixas de transporte (uma extensão da mala), suporte para transporte de bicicletas, e o que mais a criatividade e o espaço permitirem. Lembrando que tudo isso é apoiado nas colunas do carro e que esses acessórios têm uma carga máxima permitida, que não é muito grande. 

Figura 3 - Bagageiros de teto estão ficando cada vez mais populares

No mundo off road a lista de acessórios é interminável, como pneus especiais para terrenos específicos, snorkel, diversas modificações de suspensão, guinchos, acessórios de iluminação e por aí vai, mas, passa bem longe do meu conhecimento.

Leia também: Cinco preconceitos que (quase) todo brasileiro tem com carros 

Minha dica é sempre antes de qualquer modificação verificar no manual os comentários do fabricante, e procurar um profissional qualificado e de preferência que já tenha feito algumas modificações em carros parecidos, para se informar dos prós e contras e dos limites trazidos ao seu carro. E por fim, não esquecer se esse tipo de alteração tem que ser homologada no Detran.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto. 

William Marinho, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.

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