Ford Verona: o projeto de US$ 100 milhões do nosso Escort Sedan

Modelo foi o primeiro fruto da Autolatina e deu origem ao Volkswagen Apollo, seu irmão gêmeo
LA
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17.01.2024 às 19:08
Modelo foi o primeiro fruto da Autolatina e deu origem ao Volkswagen Apollo, seu irmão gêmeo

O Ford Verona foi lançado em 1989 com a dura missão de concorrer com o GM Monza em um segmento bastante aquecido nos idos dos anos 80. Foi o primeiro fruto da Autolatina, Join venture existente entre VW e Ford de 1987 a 1996, e o primeiro a gerar um irmão gêmeo univitelino, o VW Apollo. Seu projeto custou 100 milhões de dólares.

 

O modelo usava a plataforma do Ford Escort, além da frente, as portas dianteiras e o painel. Dali para trás o Verona era um carro totalmente novo, com capota sem calhas laterais, janelas com vidros rentes à carroceria, grandes e modernas lanternas traseiras e uma linha cintura bem alta no porta-malas, que tinha capacidade de 384 litros e era considerado o terceiro maior do país.

 

A boa capacidade do porta-malas era elogiada no ponto de vista de espaço, mas criticada por conta do acesso estreito. O modelo também foi criticado por não oferecer, em nenhuma versão, o temporizador para luz interna e para os comandos dos vidros elétricos, de forma que estes equipamentos permanecessem em atividade por mais algum tempo depois de desligada a ignição. O painel era bonito, mas eram um velho conhecido do Ford Escort, e foi criticado pois não tinham um detalhe sequer diferente do irmão mais velho.

 

Em comparação com o Escort, o Verona tinha 3 cm a mais de espaço no banco de trás, e os passageiros da frente podiam contar com regulagem de apoio lombar nos bancos, um recurso opcional destinado à versão GLX. Nesta versão, oferecia também como opcionais ar-condicionado, vidros e travas elétricas, retrovisores elétricos, rodas de liga-leve aro 13, rádio toca fitas, teto-solar, interior monocromático, pintura metálica e para-choques e frisos no mesmo tom da carroceria.

 

Além da GLX, o Verona era disponível em uma versão mais simples, a LX. Esta versão tinha 2 motores a disposição: o AE-1600 (antigo CHT) e AP-1800, opcional, ambos a etanol ou a gasolina. A GLX era exclusivamente 1.8, também com as duas opções de combustível. Os modelos uniam as boas qualidades mecânicas da Ford e da Volkswagen, comprovadas em testes de 1 milhão de quilômetros antes de seu lançamento, além de um estilo moderno àquele tempo.

 

A versão 1.6 tinha, com gasolina, 78 cv a 5.200 rpm e 13,3 kgfm de torque a 2.200 rpm, capaz de levar o sedan de 0 a 100 km/h em 12,7 s e a 160 km/h de velocidade máxima. Econômico, o modelo fazia 11,2 km/l na cidade e 16,7 km/l na estrada, números melhores que um Ford Ka 1.0 3 cilindros 2015.

 

Já a versão 1.8, com o mesmo combustível, tinha 93 cv a 5.600 rpm e 16,1 kgfm de torque a 2.800 rpm, capaz de levar o modelo de 0 a 100 km/h em 11,8 s e a 165 km/h de velocidade máxima. Com um câmbio de relações mais longas, também era econômico para sua cilindrada, com médias de 9,3 km/l na cidade e 15,7 km/l na estrada. O conta-giros era de série no painel.

 

O tanque de combustível tinha 64 litros de capacidade, e rendia uma autonomia em estrada de 1.069 km para a versão 1.6 e 1.005 km para a versão 1.8, ambos a gasolina.  Seu estilo lembrava o BMW M3, e a concessionária Souza Ramos criou o BMW Verona (link), com a tinha a pretensão de se parecer com o BMW M3 em luxo, esportividade e estilo - sim, também achei forçado.

 

Além de uma reformulação do design exterior usando muita fibra de vidro como kit, tinha novo capô, para-choque dianteiro com spoiler, nova grade, novos faróis, faróis de milha, spoilers laterais, novo para-choque traseiro e aerofólio com break-light integrado. Como opcionais, trazia rodas de liga leve tipo BBS aro 14, pneus Firestone Firewalk 185/60, bancos e forros de porta revestidos em couro e a cereja do bolo: uma preparação no motor AP-800, intitulado AP-800 STA-1.

No motor, um novo comando de válvula, cabeçote, coletores e carburadores trabalhados, resultavam em um aumento de potência de 15% se comparado ao motor original, fosse etanol ou gasolina.

Na versão a gasolina, o Ford Verona saltava de 92 cv para 105 cv a 6.000 rpm com 15,4 kgfm de torque a 3.500 rpm, fazia de 0 a 100 km/h em 12,5 s e chegava a 167 km/h de velocidade máxima.

Em 1992, o modelo de série passava por atualizações e a versão GLX ganhava vários itens de série, antes opcionais, como ar-condicionado, vidros e travas elétricas, retrovisores elétricos, rádio toca fitas, interior monocromático, pintura metálica e para-choques e frisos no mesmo tom da carroceria. As rodas passavam a ser aro 14, também de série, calçadas com pneus 185/60. O teto-solar permanecia opcional.

 

No final de 1992 foi apresentado no salão do automóvel a nova geração do Ford Escort, e para 1993, o Ford Verona passaria por uma grande renovação, abandonando a carroceria de 2 portas e adotando o estilo do Ford Orion europeu, mas esta e uma história que eu contarei mais adiante.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em Comunicação Empresarial e Marketing Digital, e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua há 18 anos com gestão e consultoria automotiva, auxiliando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. É criador dos canais Autos Originais e Auto e Autos

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