Como as picapes vão garantir sobrevida ao diesel após invasão dos SUVs híbridos

Segmento dos veículos movidos a diesel sofre com a desvalorização e baixo número de vendas
Vinicius Moreira
Por
26.04.2024 às 05:14
Segmento dos veículos movidos a diesel sofre com a desvalorização e baixo número de vendas

A discussão para o uso do diesel é antiga e tomou novos caminhos recentemente. Os SUVs híbridos de marcas chinesas e generalistas têm ganhado cada vez mais espaço no mercado brasileiro. Como boa opção na economia de combustível, configurações híbridas estão levando a melhor contra os SUVs a diesel.

Para entender esse cenário, é preciso deixar a lupa de lado. Os defensores do diesel apontam que o uso do combustível garante mais autonomia, principalmente para veículos de porte médio e grande (picapes, caminhões etc.). Na contramão dessa ideia, o combustível fóssil possui um alto índice de emissão de poluentes.

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Por isso, o Brasil já possui uma legislação antiga nesse sentido. Para rodar com diesel, um veículo precisa ser uma picape, caminhão e ônibus, ambos com capacidade de carga acima dos 1.000 kg. É estritamente proibido veículos de passeio serem movidos a diesel. Uma brecha é a possibilidade de utilitários com tração 4x4 com reduzida. Exemplos disso são Jeep Compass, Commander e, até pouco tempo, Renegade.

Programas como o Proconve prometem dificultar ainda mais nos próximos anos o uso do diesel como fonte de energia. Para piorar, a chegada de modelos chineses como BYD Song Plus e GWM Haval H6 também alteraram o jogo. Esses híbridos já oferecem autonomias interessantes e ainda são “ecologicamente corretos”, já que emitem menos poluentes durante seu uso.

A desvalorização de picapes e SUVs a diesel também pode ser um argumento contra o combustível fóssil. Um estudo feito pela Mobiauto evidenciou que o valor de revenda desses veículos é o pior entre todas as categorias. A alta no preço do diesel ajuda a explicar também o número de vendas cada vez menor.

Ponto de virada

Como os SUVs tomaram o espaço de hatchs e sedans, o mesmo pode acontecer com as picapes. A Fiat Strada emplacou mais de 120.000 unidades e foi o carro mais vendido em 2023. Além disso, o ano passado registrou um crescimento considerável na venda de picapes médias.

Diante disso, a Fiat não perdeu tempo e lançou sua primeira picape média no Brasil, a Titano. De olho nessa fatia, a JAC também já avisou que vai trazer ao Brasil a JAC Hunter no segundo semestre deste ano.

Nessa lista para chegar, ainda tem BYD Shark e GWM Poer, as quais pretendem medir forças com a líder da categoria, Toyota Hilux, que tem como suas principais rivais a Chevrolet S10 e a Ford Ranger.

Mas o que essas picapes têm em comum? A resposta está no tanque de combustível. Todas elas possuem configurações ou são vendidas apenas na versão diesel.

Outro ponto que pode ajudar a reforçar essa tese é o público que consome essas picapes. Não será tão fácil convencer os consumidores do segmento que o diesel poderá ser substituído por outra fonte de energia, ainda que picapes híbridas como a BYD Shark, com seus 480 cv de potência, venham para mexer com os parâmetros.

Assim, os planos para decretar o fim do diesel no Brasil até podem acontecer, mas o interesse crescente por picapes médias e as ações das montadoras mostram um caminho diferente.

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