Fiat e Jeep terão híbrido flex nacional até 2026 para peitar a VW

Stellantis confirmou a adoção da tecnologia híbrida com uso de etanol como modelo mais eficiente de descarbonização da frota brasileira
LF
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31.03.2023 às 14:47 • Atualizado em 29.05.2024
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Stellantis confirmou a adoção da tecnologia híbrida com uso de etanol como modelo mais eficiente de descarbonização da frota brasileira

A Stellantis, grupo automotivo que no Brasil engloba as marcas Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram, confirmou nesta sexta-feira (31) que produzirá modelos híbridos flex no Brasil, inclusive com fornecimento de tecnologia local.

A fabricante evitou dar prazos ou revelar produtos a receberem a tecnologia, mas abriu que espera ver "uma maior difusão da tecnologia no mercado" entre 2026 e 27.

Ou seja, para estar imersa nesse cenário, até 2026 ela já terá que ter lançado pelo menos o seu primeiro produto híbrido flex de produção local. A maior aposta para estreia da tecnologia é nos motores 1.0 e 1.3 GSE turbo com eletrificação híbrida leve de 12 e/ou 48 Volts.

O projeto será desenvolvido em parceria com fornecedores como a Bosch através de um programa chamado Bio-Electro, que visa combinar a tecnologia híbrida com o etanol em todas as frentes: híbridos leves (MHEV), híbridos plenos (HEV) e plug-in (PHEV), todos flex. A estratégia é parecida com a que a Volkswagen apresentou na última semana.

Durante a apresentação, a fabricante reiterou que estuda introduzir, inclusive, soluções para o uso de veículos movidos apenas a etanol, como o motor GSE E4, turbo de alta eficiência movido só com o combustível de origem vegetal.

Etanol vs carro elétrico

Semanas atrás, o CEO global da fabricante, Carlos Tavares, já havia declarado que o caminho da descarbonização para o Brasil seria através do uso do etanol em vez de uma migração direta para os veículos elétricos a bateria.

Tal estratégia foi reforçada pelo presidente da companhia na América do Sul, Antonio Filosa. Na visão da empresa, carros elétricos ainda têm uma faixa de preço muito elevada e não possuem escala suficiente para um país como o Brasil.

Para comprovar a tese, a Stellantis apresentou resultados de um teste dinâmico de emissões de CO2, simulado em parceria com a Bosch, usando unidades do Jeep Renegade munidas de quatro diferentes fontes de propulsão, que rodaram 240,49 km na mesma situação de rodagem.

Os resultados demonstraram que não apenas o carro elétrico no Brasil seria menos poluente que o europeu, por conta de nossa matriz quase toda focada em hidrelétricas, como um veículo leve a combustão movido só a etanol também emitiria menos gás carbônico do que um elétrico com a matriz de eletricidade predominante na Europa (carvão).

Confira os números:

  • Gasolina (tipo C, E27): emitiu 60,64 kg de CO2
  • Elétrico c/ energia Europa: 30,41 kg de CO2
  • Etanol (E100): 25,79 kg de CO2
  • Elétrico c/ energia Brasil: 21,45 kg 

"Os resultados comprovam as vantagens comparativas da matriz energética brasileira, principalmente a importância dos biocombustíveis para uma mobilidade mais sustentável", defende Filosa.

Um dos argumentos da Stellantis é que mercados como Europa, Estados Unidos e China levam em consideração apenas os impactos "do tanque à roda" na hora de considerar as emissões, e não "do poço à roda", ou seja, desde o processo de extração da matriz energética ou de produção do veículo.

Por derivar de um vegetal, a cana-de-açúcar, o etanol proporciona que cerca de 60% a 70% das emissões sejam recapturados durante o processo de fotossíntese da própria planta.

Venda de elétricos no Brasil

O plano estratégico da Stellantis, chamado Dare Forward 2030, prevê a descarbonização completa em 2038, com redução de 50% em 2030. Para isso, a marca pretende vender apenas carros elétricos na União Europeia em sete anos, e fazer com que esse tipo de veículo esteja em 50% das vendas da marca nos Estados Unidos.

No Brasil, a realidade será um pouco diferente. A expectativa é que os elétricos representem 20% das vendas totais da Stellantis até 2030. Atualmente, o grupo é o que tem o maior número de opções a bateria em nosso mercado, mas com comercialização bem abaixo dessa meta.

A estratégia global ainda aponta que até 2038, o grupo terá 75 modelos zero emissão no portfólio. A ideia é que os elétricos representem 5 milhões de vendas anuais no mundo, e o conglomerado já investe 30 bilhões de euros até 2025 para atingir isso.


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