Brasileiro roda 100.000 km de carro elétrico e economiza uma Fiat Strada

Empresário troca carros a combustão por veículos elétricos, ultrapassa garantia de rodagem e conta detalhes de manutenção e desgaste
Renan Bandeira
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12.05.2023 às 11:00 • Atualizado em 29.05.2024
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Empresário troca carros a combustão por veículos elétricos, ultrapassa garantia de rodagem e conta detalhes de manutenção e desgaste

Carro elétricos são o futuro da mobilidade, mas ainda não o presente, pelo menos para o Brasil. Com o tíquete médio elevado dos modelos alimentados por bateria, eles ficam distantes da realidade da maioria dos brasileiros que, hoje, tentam tornar viável a compra de um carro zero km a combustão. 

Mesmo assim, os carros elétricos têm ganhado mais espaço por aqui. No ano passado, foram comercializadas 8.460 unidades de modelos do tipo, um aumento significativo contra os 2.860 veículos vendidos no ano anterior.  

Claro que o segmento ainda gera estranheza em alguns brasileiros. Como faz a recarga? Quanto tem de autonomia? Como descartamos as baterias? Onde encontro pontos de carregamento? São algumas das perguntas feitas sobre o assunto.

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Com a invasão dos zero emissão, parte de todas elas já foram respondidas, mas têm algumas que seguem gerando dúvidas, principalmente quando falamos de manutenção e o estado do veículo após rodar muito com ele. 

A boa notícia é que as respostas surpreendem, e quem conta a experiência é o empresário Marcos Paulo, que trocou carros a combustão por elétricos e rodou mais de 100.000 km com seu Volvo XC40. 

Primeiro contato com elétricos 

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A relação de Marcos com os carros elétricos começou muito antes deles ganharem espaço no Brasil. “Sou fã de carros elétricos há muito tempo. Tem um vídeo no Youtube de um professor japonês que desenvolveu um carro elétrico chamado Eliica, na década de 1990. E eu lembro que, ainda no Ensino Médio, assisti um vídeo sobre isso em um projeto chamado “TV Escola”, onde basicamente levavam uma televisão de tubo e um vídeo K7 para a sala de aula.”, rememora. 

Esse foi o pontapé inicial para o empresário se tornar um fissurado por veículos movidos a bateria. Segundo ele, desde aquele momento, já entendia que o elétrico era eficiente e superior ao a combustão e que haveria uma virada para os zero emissão em algum momento. 

Marcos Paulo, que se autodenomina um pesquisador amador, alimentou o desejo de ter um carro do tipo por todos esses anos desde a escola com pesquisas a respeito e novas tecnologias aplicadas em carros. Mas foi nessa enxurrada de veículos elétricos que chegaram ao Brasil nos últimos três anos, que ele realizou o sonho.

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“Quando apareceu essa última leva de carros elétricos no mercado, principalmente com o lançamento do novo XC40, eu pensei: “já tô numa certa idade, preciso começar a realizar meus sonhos”. Então, comprei o XC40 e, na sequência, um JAC e-JS1", relembra. 

Mas como rodou mais de 100.000? 

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Pela quilometragem rodada, alguns podem pensar que o empresário tem o veículo há muitos anos, mas não é bem assim. A verdade é que ele trabalha com aluguel de equipamentos de estética, junto com a esposa, e precisa levar o maquinário até as clínicas e buscá-los diariamente. Com isso, acaba rodando longas distâncias no estado do Paraná.  

“Eu já sabia que ia viajar muito. Eu já tinha duas Fiat Strada rodando bem, tive uma Fiat Toro diesel também que rodei 86.000 km em um ano”, conta Marcos, salientando as distâncias percorridas.  

Junto dos muitos quilômetros rodados e a depreciação dos modelos, vinham também as manutenções e o custo do combustível. Com isso, além de visualizar um sonho, Marcos Paulo via também uma chance de economizar e tornar o trabalho mais rentável no longo prazo. 

E realmente economizou 

Empresário troca carros a combustão por veículos elétricos, ultrapassa garantia de rodagem e conta detalhes de manutenção e desgaste

Colocando na ponta do lápis, fazia sentido. “Tem um potencial enorme de economia aí. Vou economizar todo o combustível, a conta de energia ficaria em um custo de 1/4 ou 1/5 do que gasto com combustível”, explica o empresário.  

A surpresa agradável é que nem mesmo com a energia ele gastou. Afinal, o fato de ele ter geração fotovoltaica – ou seja, energia solar em casa -, acabou cortando totalmente o gasto com energia elétrica e, além disso, o Paraná não cobra IPVA de carro elétrico, eliminando mais esse gasto. Resultado: saem Fiat Toro e as Strada, entram Volvo XC40 e Jac e-JS1. 

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Para quem tem dúvidas da economia do carro elétrico ao longo prazo, Marcos explica que deixou de gastar R$ 100.000 desde a compra do Volvo. “Além de ser o meu sonho de consumo, se tornou uma economia. E dentro desse um ano e meio com o XC40, eu economizei cerca de R$ 100 mil, eliminando cerca de R$ 60 mil de combustível, mais os IPVA dos carros que usava e a manutenção dos motores a combustão. 

Com a economia, seria possível comprar uma Fiat Strada 2023 Endurance 1.4 0 km, que hoje parte de R$ 99.990. Ou melhor, dar uma boa entrada para comprar mais um e-JS1, que custa R$ 145.900. 

Como ficou a manutenção 

Empresário troca carros a combustão por veículos elétricos, ultrapassa garantia de rodagem e conta detalhes de manutenção e desgaste

Pensando em um carro de valor agregado elevado e tecnológico, o Volvo leva a crer que a manutenção será mais cara. Mas o empresário nos revelou que o custo até 100.000 km rodados foi de R$ 0.  

“O Volvo, por exemplo, tem 100.000 km de garantia de qualquer coisa, então tive custo de R$ 0 até hoje. Agora, a partir dos 100.000 km vai aparecer umas manutenções para fazer, mas nada se compara a de carros a combustão”, esclarece o entusiasta. 

A fala do empresário vai ao encontro da de Nivton Rocha, outro proprietário de carros elétricos, que já foi entrevistado pela Mobiauto, que contou à reportagem que seu BYD deu custo de cerca de R$ 90 na revisão de 10.000 km. Um Renault Kwid, atualmente o carro mais barato do Brasil, pede pouco mais de R$ 400 pela mesma manutenção.

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Questionado sobre o desgaste de peças, Marcos defende que “durante esse período, claro, ele teve um desgaste de suspensão, como é normal a gente ver em qualquer carro. Na verdade, nenhum dos problemas que ele teve estava relacionado a ele ser um carro elétrico, mas sim ao fato de ele ser um carro". Tanto que, segundo ele, além disso, só teve desgaste de pneus até agora.

Voltando a falar da suspensão, vale lembrar que em um caso como esse, o valor varia de veículo para veículo. Os que tem arquitetura mais rebuscada, consequentemente darão maior custo. 

O que surpreendeu é que, mesmo com o peso adicional do banco de baterias (que são realmente pesados), o proprietário observou “apenas um rangido na suspensão, que é para trocar um coxim", uma coisa previsível, e nada além disso. 

Atualmente, o empresário já ultrapassou a marca dos 120 mil km rodados com seu Volvo. A saga é contada por ele mesmo nas redes sociais, via o perfil @diariodecarroelétrico, onde conta as missões diárias e responde as dúvidas de mais entusiastas.

Imagens: arquivo pessoal / Marcos Paulo - reprodução/reddit


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